A quem?
Assim fica o humano desconsiderando o passado: aquém de si mesmo. Uma cidade, um povo que desdenha do que construiu: aquém de suas possibilidades de futuro.
Quando se fala em preservação do patrimônio, não é sobre pedras e tijolos antigos, mas sobre narrativas de formação. É sobre constituição, não a lei, mas como se constitui uma cultura.
E por cultura, entenda-se, falo da forma de funcionar de uma determinada sociedade ao longo do tempo e materializada de várias formas, do vestuário às construções.
As obras edificadas cristalizam o tempo em que foram erguidas. Anunciam claramente valores.
E tudo precisa ser preservado, só por ser antigo?
Não. Há construções antigas com má qualidade de projeto, que não dizem muito, assim como hoje há. Mas se houver valor arquitetônico e histórico, sim, precisa ser preservado.
Interessa o valor da obra diante de uma cultura.
Um bem imóvel pode ter se tornado um bem cultural, e isso ultrapassa em muito o valor econômico. É quando metros quadrados se tornam mais que área. É que o humano existe para além da objetividade; possui também uma subjetividade bem desenvolvida.
Por isso passado interessa. Porque para além do meramente objetivo, somos seres históricos.
Janice Dantas
Imagem: Montagem dos vitrais da fachada principal da Igreja do Ressuscitado que passou pela Cruz. Fonte: Arquivo próprio
Muita verdade em poucas palavras
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